O mundo contemporâneo é marcado por um conjunto de fatos que caracterizam uma enorme evolução, principalmente no que diz respeito às tecnologias de comunicação e informação, ressaltando neste trabalho a internet. Apreende-se o modo como essas tecnologias comunicacionais podem estar transformando a experiência de corpo como o sentido da presença, a definição do próximo e do longínquo no espaço e no tempo, bem como a distinção entre real e imaginário. Decorrente disso, criam-se discursos sobre a desterritorialização e perda de referências corporais, uma vez que surge uma nova forma de sociabilidade possibilitada pelo ciberespaço.
No entanto, verificamos que mesmo num espaço onde a sociabilidade desmaterializada é possível, o corpo é elemento importante nesse processo. Primeiramente porque quando falamos de sociabilidade virtual, temos que ter em mente que há ausência do corpo no ciberespaço, mas que os corpos reais existem, e estão do outro lado das telas interagindo, sentindo, afetando-se e emocionando-se. Segundo que, quando nos referimos às representações do corpo no ciberespaço, estamos tentando refletir algo de real, pois as pessoas que estão por trás dessa interação são reais, assim como a interação ocorrida. Assim não se deve jamais conotar que virtual seja o oposto do real, ou mesmo ser encarado como falso, mas sim um espaço que possibilita a interação de pessoas de locais distintos, síncrona ou assincronamente e que, apesar de sabermos que podemos enxergar ilusão ali, também é possível conceber uma experiência verdadeira.
O ciberespaço tornou-se subitamente famoso por sua capacidade de preservar a identidade e dar privacidade aos internautas se assim o desejarem. Até a criação da internet, não havia nenhum outro meio que permitisse um anonimato total e sem compromissos. Assim, podemos apontar que uma das implicações da ausência do corpo é a possibilidade de anonimato.
Um exemplo bom disso, é a obra de Sherry Turkle onde demonstra claramente que as pessoas muitas vezes se sentem amparadas pelo anonimato que a ausência do corpo físico
propicia na sociabilidade em espaço virtual. Isso também propicia o desenvolvimento do imaginário que cerca a utilização dessas novas tecnologias.
Apesar das interações ocorridas em ambiente virtual possuírem caráter imaterial, o corpo está sempre presente nos processos comunicacionais. Diante disso, de uma forma ou de outra, mesmo sendo representado como no caso do ambiente virtual, ou na sua presença de fato, o corpo é elemento fundamental nas interações de qualquer natureza, uma vez que as expressões provenientes do mesmo são fundamentais para expressar emoções, afetações e sentimentos, aspectos esses essenciais na sociabilidade humana.
